Monday, January 4, 2010

Festa Corporativa

Quando o fim de ano vai chegando, é super comum a gente encontrar na internet artigos do tipo “10 coisas que você não deve fazer na festa de fim de ano da empresa” ou “Fuja dos exageros nas festas corporativas”. Alguns artigos até que trazem algumas dicas relevantes, apesar de eu sempre ter feito o que eles recomendam não fazer... (ex-colegas de trabalho, vocês sabem do que eu estou falando!)

Mas se a festa de fim de ano da sua empresa é na Libéria (probabilidade 0.00001%) , esqueça tudo o que você já leu a respeito de como se comportar num evento corporativo. Muito pelo contrário, aqui você precisaria de artigos como “Como expressar seu instinto animal na festa de fim de ano!” ou “Neste fim de ano, libere o animal que existe em você”.

Brincadeiras a parte, a festa de fim de ano do banco aqui na Libéria foi uma lição de como uma festa entre colegas que convivem a maior parte do dia juntos deveria ser: uma celebração sincera, natural, e muito, mas muito divertida. O pessoal foi chegando, e posando pras fotos...

A festa foi em plena praia! Montamos umas tendas e contratamos um dj e ficamos ali, a tarde toda na praia. A celebração começou com uma oracao. O pessoal aqui é muito religioso. Um dos colegas fez uma breve oração, e todo mundo ficou muito concentrado nessa hora. Nesse aspecto, prefiro celebrações sem muita influência religiosa, mas se faz parte da cultura e aquele momento era imporante pros colegas, por que não fechar os olhos por um minuto e fazer um pensamento positivo?


Depois continuamos com o amigo secreto! Eu comprei o uniforme da seleção do Brasil pro meu colega, e eu ganhei uma sandália étnica e um chaveiro de artesanato local. Gostei muito dos meus presentes! Tudo a ver com o Pajé!

Quando acabou o amigo secreto, liberaram a comida e a bebida. Aqui tem que controlar, senão o pessoal ataca. E não é por fome não. É gula mesmo! Mas enfim, todo mundo degustou o banquete: frango assado, maionese e arroz apimentado. Estava eu comendo tranquilo, quando chegou a colega pra tirar foto com o frango assado dela...

E depois a galera começou a beber. Alguns não se contentavam com o tamanho da long neck e partiram pra garrafas maiores...

O pessoal começou a dançar.. A colega me puxou pra ensaiar uns passos africanos, e eu até que tentei fazer uns movimentos...

E depois da bebida, as imagens falam por si só....


Feliz 2010 para todos! Que a festa liberiana inspire muita diversao, espontaneadade e alegria neste 2010!

PS: Próximo Blog - Reveillon 2010!

Monday, October 26, 2009

Um pouco de Monróvia...

Monróvia, capital e maior cidade da Libéria, tem aproximadamente 1.5 milhão de habitantes, quase metade da população do país. Eu cheguei aqui de noite, então não pude avaliar muito bem a cidade. No dia seguinte, no caminho para o trabalho olhei bem a minha volta, e o curioso é que senti um “senso de familiaridade” com o local. Não no sentido de já haver estado num lugar/cidade parecidos, mas sim uma combinação de vários lugares que estive.

A primeira impressão foi uma mistura de Paraguai com Índia. O caos e tumulto de uma cidade indiana com a paisagem de algum lugar do interior no Paraguai. O impacto que a guerra civil deixou no país é nitido. É como se a cidade estivesse vivendo em outro tempo. E de fato, no período das duas guerras civis (80-03), o investimento foi praticamente nulo. De fato, houve até um retrocesso pois muito do que existia foi destruido. Como é o caso da energia elétrica. Hoje na Libéria não existe energia elétrica pública. A usina que fornecia energia foi destruída durante a guerra, então a única fonte atual são geradores próprios que funcionam à base de combustível (nem preciso falar da poluição que isso causa!). As grandes empresas, os condomínios de apartamentos mais caros, e quem pode bancar os custos tem geradores 24horas. Como eu consegui lugar no apartamento do banco, eu tenho a sorte de ter energia 24 horas na Libéria (isso realmente é um luxo aqui). Eu tenho colegas da turma de expatriados que moram em lugares que só tem energia disponível durante 12 horas do dia, das 19:00 às 07:00. Mas a maioria da populaçao vive sem luz o tempo todo ou tem pequenos geradores para poder ligar algumas luzes à noite ou a geladeira por algumas horas, por exemplo.

Mas apesar de todas essas dificuldades e diferenças, acho que me acostumei rápido com o lugar. Os colegas com os quais eu me comuniquei antes de vir disseram que proposiltalmente pintaram o pior cenário, e isso foi bom, porque a expectativa era muito baixa. Então foi uma "surpresa" bastante agradável chegar aqui e me deparar com energia elétrica 24h no apartamento, alguns bares decentes, o DejaVu (a balada), restaurantes interessantes (inclusive tem dois japoneses muito bons!), supermercados com (quase) tudo que preciso. Mas ao mesmo tempo é triste saber que tudo isso faz parte de uma economia paralela, voltada aos estrangeiros que estão trabalhando aqui e os poucos liberianos de alto poder aquisitivo. E confesso que às vezes é até frustrante fazer parte "disso". É um tanto quanto contraditório saber que são os estrangeiros trabalhando em empresas voltadas ao desenvolvimento, ONGs, ONU, etc os principais responsáveis por criar essa demanda por restaurantes, produtos importados, supermercados, etc, o que naturalmente cria um cenário de desigualdade. Mas eu me esoforço pra fazer minha parte: comer em restaurantes locais, comprar frutas das vendedoras nas ruas (até porque me recuso a pagar USD 1 por uma laranja importada da Espanha nos supermercados), usar o "transporte público",e principalmente interagir muito com o pessoal local. Os liberianos são muito alegres, todos querem ser seus amigos, e ouvem música com o volume altíssimo o tempo todo! Enfim, estou feliz com a cidade que me abrigará pelos próximos meses....

Bom, pra vocês terem uma idéia melhor de Monróvia deixo algumas imagens de um fotográfo e estudante de relaçoes internacionais que esteve aqui no verão e me deu várias dicas sobre a cidade antes de eu vir pra cá. E também coloco alguns comentários do dia a dia...

Avenida principal – Broad Street. Como vocês podem ver na foto, existem MUITOS táxis na cidade, que funcionam como transporte público na cidade. Existem várias rotas de táxi. Por exemplo, pra eu ir do lugar onde moro até o trabalho, tenho que pegar dois táxis. Pequeno detalhe é que sempre são 6 pessoas ou mais num carro. Já peguei esses táxis várias vezes e a sensação é de estar numa lata de sardinhas... Por isso agora que a estação de chuvas está mais tranquila, estou me locomovendo com mototáxi - Até o trabalho custa USD 0.40. Justo...


Mulher com peixe na cabeça. É incrível como as mulheres carregam coisas na cabeça. Vendedora de Bananas - Essas eu sempre paro pra comprar frutas durante o dia. O que mais compro é banana, laranja, e tem uns salgadinhos caseiros de banana assada que são muito bons!

Mulher com filho nas costas. Isso também é algo bastante normal. Todas as mulheres enrolam os filhos bebês num tecido e os carregam nas costas.

Um dos mercados de Monróvia. Tudo muito colorido! Quase todo dia vou a um dos mercados fazer visitas de campo. E a partir de dezembro devo ficar muito na rua porque vou ser agente de crédito por 2 meses!

E um outdoor com o espírito da cidade!

Tuesday, October 13, 2009

Balada na Libéria

Bom pessoas, chega de longas narrativas. A partir de hoje vou tentar colocar pequenos posts com fotos diariamente com coisas interessantes da Libéria. E uma delas é a balada Liberiana. Fiquei feliz em saber que na cidade tem algumas opções de balada.

Durante a semana que antecedeu a balada, a Pinky (foto abaixo), uma funcionária local da agência do banco, solta "So Raj, you coming to Deja Vu this weekend with us?" E eu "What is Deja Vu?" "It's the best night club in Liberia!"... Ahh, essa eu não podia perder!

No dia fomos, Michael (Tanzania), Arzu (Azerbaijao), Friederike (Alemanha, que tbm é consultora LFS), Pinky, a amiga dela e Charles (colegas liberianos do banco na Liberia) e eu. Por ser a "melhor" balada da Libéria, é também a mais cara: USD 10 com USD 5 consumíveis. Inimaginável para a maioria da população local, mas completamente acessível para os estrangeiros e a pequena parte da população local com alto poder aquisitivo (A desigualdade aqui é uma coisa insana!)

Chegando lá, como era de se imaginar, só carro importado (aliás, todos os carros na Liberia são importados, mas vcs entendem, só carrão na balada). E chegou a galera do microcrédito representando a baixa renda: os 7 no Toyota Rav4 (cabem 5) da Fried... Fiquei muito surpreso com a infra da balada. Uma mega balada, com área VIP, camarotes, sofás com estampas de zebra. Pra minha alegria, o som era dance anos 80/90. Mas depois foi ficando mais étnico, se é que me entendem...
Realmente é curioso como em cada país/região se dança de uma maneira: no Paraguai é em fileira frente a frente, no Brasil é rodinha, nos EUA, sei lá o como descrever aquilo, e na Libéria é de par!

A Pinky já no começo marcou território... Ela dançava muito empolgada ao som de "Everybody dance now...". E atrás, a amiga da Pinky toda dengosa com o Azur...






Mas sai de fininho e tentei trazer a idéia da dança em rodinha com toda a galera. (Michael, Arzu, Fried, Charles e eu)


E o mais engraçado, que ao contrário da América Latina, onde mulher geralmente não pode ficar sozinha que os homens vão chegando, na Libéria a mulherada vai se empurrando pra dançar com os caras.






Estava Fried dançando com o Michael....









E aqui exatamente o momento que a Mema, a recepcionista do banco, apareceu e foi chegando pra tirar a Fried de cena, literalmente deu umas bundadas na Fried, ela quase caiu...

E mais umas fotos, só pra vocês terem noção na balda Liberiana...






A amiga da Pinky, ainda mais dengosa com o colega do Azerbaijao...



Fried e Pinky

Vetarana com calouro. A Fried fez o mesmo programa que eu na Tanzania, e acabou de ser alocada na Libéria por tempo indeterminado... É a situação dela é um pouco pior...


E uma das melhores cenas: estava a "Diva Liberiana" sentada descansando, e pela cara dela acho que não estava gostando muito da idéia de aparecer nas minhas fotos...





Pra minha sorte, começou a tocar "All the single ladies" e a Diva Liberiana esqueceu completamente da foto, e começou a dançar freneticamente pro homem dela (aliás, todas as mulheres da balada ficaram insanas!). Praticamente um ritual de acasalamento. O sofá de zebra combinou perfeitamente com a cena....
E pra fechar com chave de ouro (essa não tem foto, mas vale a pena contar) foi que no meio da balada encontramos com a CEO do banco . Ela estava na área "VIP", e o segurança deixou a gente passar pra comprimentá-la. Falamos que estavamos com a galera local do banco, que o pessoal era muito divertido, animado, etc. E ela solta "É... Eu vi vocês estavam bem animados. Todos indo até o chão...."


A balada na Libéria foi uma experiência antropológica!

Friday, October 9, 2009

Chegada em Monrovia, Libéria

Estava aqui preparando o 1º post sobre a Libéria, e queria falar da história do país. Como não é fácil resumir tamanha confusão e este blog é sobre a minha experiência (e não sobre história da Libéria) passo o link do Lonely Planet que tem um belo resumo.

http://www.lonelyplanet.com/liberia/history

Mas pra quem estiver com preguica de ler, o resumo do resumo é que o país foi criado em 1815 para “repatriar” os ex-escravos dos EUA. E desde então descendentes desse grupo dominaram a política e economia do país, o que causou conflitos com as tribos locais, que foram completamente excluídas e marginalizadas. Em 1980, esses conflitos desencadearam duas guerras civis que duraram mais de 20 anos. Resultado da guerra: 75% das mulheres estupradas, aproximadamente 250 mil mortos, e mais de um milhão de refugiados em países vizinhos.

Libéria hoje - Em 2003, tropas dos EUA e da ONU intervieram no país com o objetivo de acabar com a guerra e desarmar a população. O objetivo foi atingido, e em 2006, a Libéria elegeu a atual presidente Ellen Johnson-Sirleaf, primeira presidente mulher do continente africano (a eleição foi bastante disputada entre ela e o famoso jogador de futebol africano George Weah). Hoje, os principais desafios da Libéria são completar o processo de desarmamento, repatriar refugiados, e reconstruir o governo, economia, e infra-estrutura. Ou seja, reconstruir o país. Pra se ter uma idéia do estrago, hoje o país não tem rede de energia elétrica porque as usinas foram destruídas na guerra.

Apesar do passsado trágico bastante recente, os liberianos junto às várias agências de desenvolvimento, organizações internacionais, ONGS e governo querem levar este país para frente. E aí está uma das grandes razões por eu ter feito a escolha de me juntar à LFS (http://www.lfs-consulting.de/) . A proposta de trabalhar numa consultoria especializada em microfinanças já me animou muito. Quando me falaram que o programa de formação seria num dos bancos do grupo na Libéria (AccessBank), nem tinha idéia de onde o país ficava no mapa. Pra quem ainda não sabe, coloquei o mapa aqui.

Depois de muito pesquisar sobre o país, inevitavelmente a impressão da Libéria foi completamente negativa: país acabava de sair de uma guerra civil, infra-estrutura precária, má qualidade de vida (ou pelo menos difícil), vulnerabilidade a doenças (malária é um grande problema aqui). Mas a idéia de trabalhar numa organização que vai diretamente ajudar a reconstruir e desenvolver o país falou mais alto. Todos os pontos negativos ficaram em segundo plano. E mais uma vez, coloquei minha vida em 2 malas e decidi experimentar um lugar que para mim era completamente desconhecido.
Algumas pessoas me perguntaram entao aí vai a explicacao do que vou fazer: fui contratado pela LFS , consultoria especializada em microfinancas. A LFS tem alguns bancos de microcrédito próprios, o AccessBank, e também presta consultoria para bancos que querem montar operacoes de microcrédito. Entao nos primeiros anos do banco, consultores da LFS ocupam os cargos gerenciais dos bancos, para implementar a metodologia de microcrédito e aos poucos delegar as responsabilidades para funcionários locais. Devo ficar 6 meses participando do programa de formacao de consultores, e depois o primeiro "assignment" deve ser Brasil!

Depois de 2 dias de Berlim, a sensação de véspera era maior que nunca. O vôo em si já foi uma experiência. Seriam 8h de voo durante o dia sem entretenimento de bordo. Mas fiquei contente que fui sozinho na janela sem ninguém do meu lado, então estava tudo certo pra dormir o voo todo. Uma hora um garoto de 9 anos anos veio conversar comigo. Ele me disse que a família (mãe e 3 filhos pequenos) estava indo morar na Libéria. Ouvi a mãe comentando que não podiam ficar nos EUA... A mãe estava desesperada tentando tomar conta das 3 criancas, e principalmente o garoto não parava quieto. Apesar do sono, falei pra ele sentar ali do meu lado, e ficamos conversando e até trouxeram um baralho pra gente ficar jogando. Então grande parte do voo jogando baralho e falando sobre filmes que eu nunca tinha assistido (transformers, dia dos namorados macabro, etc etc).

Também conheci o Sr. James. Um liberiano que foi pros EUA no período da guerra civil, mas queria se aposentar na Libéria. Ele disse que se não tivesse ninguém me esperando me daria carona até a cidade. Desembarquei, e o Sr. James (o amigo do vôo) me puxou. Me disse “Libéria pode ser um pouco chocante pra ser sua primeira experiência na África, fica comigo”. Na minúscula sala de imigração não dava pra entender nada e a fila demorava uma eternidade. Estavamos, James e eu na fila da imigração, ele cutucou uma oficial de imigração que estava passando na nossa frente. Ele falou bem baixo pra mim “I don’t know if she will remember me.” Ela virou, olhou.... olhou mais de perto, tirou o boné que ele estava usando, e gritou “I can’t believe it!” e deu um pulo em cima dele! Eram amigos de antes da guerra. Não se viam há mais de 15 anos! Ela gritava de alegria! Falou que era ele, o James que cuidava dela (pq ele trabalhava numa clinica). Se abracaram, e ela nao escondia a alegria daquele momento. Enfim, ela tirou a gente da fila, e levou a gente pra uma salinha onde agiilizou todo o processo e pudemos passar pra pegar as malas. Na alfandega tive que abrir todas as malas. E quando achei que ainda tinha acabado, vem a parte da polícia. O James saiu direto e disse que me esperava lá fora. Obviamente que eu fui barrado e levado pra uma salinha pela policia. Ficaram fazendo perguntas por mais de meia hora. Mostrei todos os meus contratos, papéis, e o cara da imigração solta “So, if you are working in a bank, you must have some extra dollars with you.” Falei pra eles que estava indo fazer um estágio voluntário no banco de microcrédito, anode receberia alimentacao e moradia. Pra minha sorte, os caras engoliram a histria (isso prova que eles realmente nao leram nenhum dos papéis que olharam)

Coincidentemente, a diretora/CEO do banco na Libéria, que também é consultora da LFS estava chegando num vôo de outro lugar. E foi ela quem foi me buscar na sala da polícia. Fomos conversando no caminho, mas estava mais curioso com a paisagem e ver como a Libéria era. Era noite, mas consegui perceber algumas coisas: cidade suja, muitos buracos na rua (conseqüência da guerra), e naturalmente quase 100% da populacao negra. O mais engracado foi a suspeita de um sentimento de familiaridade com aquela terra.

Chegamos no centro de treinamento do banco. É um prédio de 2 andares, com dois apartamentos. O apartamento de cima é o da diretora, e o debaixo é o centro de treinamento. Literalmente um monte de mesas e cadeiras no que seria a sala do apartamento. E há 3 quartos com banheiro. Em 2 deles, estavam dois funcionários do AccessBank Azerbaijao (na minha cabecaa, também nao consegui localizar o Azerbaijao no mapa...). Eles sao do banco mesmo e nao da consultoria, e vieram ajudar a montar a operacao aqui na Liberia, ja que eram agentes de crédito experientes.
Fiquei positivamente surpreso com algumas coisas:
- 2 colegas de apto bem tranquilos, mas bacanas

- Saber que o apartamento tem luz elétrica 24h! Gerador próprio no prédio. Isso é luxo na Libéria!

- Puxar um cabo de rede que estava no quarto, colocar no computador e ver que tem conexao de internet no apto foi demais!

- E mais um luxo pra Liberia, cama com colchao de esponja e ar condicionado no quarto! (depois coloco fotos)

Mas também apareceram as coisas negativas, mas que nao foram surpresa, porque já estava preparado para o pior .

- A infra do lugar nao era das melhores.

- O apartamento estava bastante sujo.

E encontrei umas amigas aracnideas no corredor. Mas tava tao cansado, que relevei e fui dormir, porque já comecava a trabalhar no dia seguinte.

Próximo post: 1ª semana de Liberia

Sunday, October 4, 2009

Berlim - Treinamento na LFS

Antes de falar de Berlim, pra quem conhece a minha fama, nem preciso dizer que estive prestes a perder o vôo em São Paulo. Faltando 2h pro vôo ainda estava em São Paulo, mas fazendo algo muito importante. Enfim, cheguei a tempo no aeroporto, no check-in a atendende falou que uma mala estava muito pesada (38kg) e disse que tinha que tirar. O problema era que não tinha aonde colocar. Pô, é dificil colocar a vida em 2 malas. Enfim, como o voo estava fechando, ela deixou passar, mas disse que talvez teria problemas na Europa. Depois disso ainda enrolei pra passar pela imigração. Acho que tudo pra evitar uma longa despedida.... Quando entrei, tinha uma fila enorme na imigração, e o funcionário da TAM estava gritando "Passageiros pra Madrid!" (a viagem pinga pinga passava por lá.) Ele não conseguiu fazer com que eu furasse a fila, e só ouvi no rádio do funcionário "Vamos retirar as malas do passageiro porque estamos fechando as portas". Ele falou alguma coisa, e justo chegou a minha vez na imigração. O cara da TAM pegou minha mochila do laptop e disse que tinha que correr se quisesse embarcar. Entrei, e praticamente o avião começou a dar ré. No final deu certo... Chegando na Espanha, precisei pegar minhas malas gigantes, e na hora de despacha-las obviamente não deixaram passar o búfalo de 38k (pior que na maldita balança da Ibéria deu 40kg!!!!). Tive que abrir a mala no meio do aeroporto, e tirar 8kg. Rídiculo porque foi tudo pra mala de mão e mochila, o avião ia pesar a mesma coisa. Mas daí fui eu com a mochila e a mala de mão pesando 15kg cada. Finalmente, depois de quase 24h viajando, cheguei à Berlim.

Para quem conhece a cidade, nem preciso dizer que é sacanagem a empresa marcar um treinamento de apenas dois dias. Ainda mais sabendo que depois dos dois dias, o destino seria Libéria, por pelo menos seis meses. Nunca havia ido à Alemanha e apesar do pouco tempo que fiquei gostei muito do que vi. Fiquei num hotel em Mitte "Supostamente" ficava próximo à LFS. Quando perguntei na recepção, eles confirmaram que estava realmente próximo: apenas seguir pela rua tal até o número tal. Como estava com tempo, resolvi aproveitar a manhã e ir a pé para sentir um pouco da cidade.

Tudo muito simétrico e organizado na região onde fiquei. E uma coisa que me dava agonia (e não deveria) era que os pedestres ficavam parados esperando o sinal de pedestres abrir, mesmo que não houvesse nenhum carro na rua. Depois de 10 minutos seguindo todas as regras e respeitando a organização alemã, cheguei à rua da LFS. Foi só então que comecei a prestar atenção na numeração da rua, e perecebi que era um pouco diferente. Não é como no Brasil, par de um lado, ímpar do outro, e que quando o terreno da casa ou prédio é grande a numeração pula uns 20 números. A numeração é certinha, número atras de número, e pra piorar, números pares e ímpares do mesmo lado da rua. Do outro lado era uma numeração diferente... Mas bem, quando entendi a lógica da numeração, percebi que estava no número 8, e precisava chegar ao número 125. Pelos meus cálculos, isso seriam umas 8-10 quadras. Como não vi sinal de táxi na rua, comecei a andar mais rápido, e meu lado latino entrou em ação na hora de "furar" os sinais de pedestre. As pessoas me olhavam estranho, mas precisavam entender que precisava fazer aquilo, para não fazer algo pior que seria chegar atrasado no primeiro dia de treinamento.

A LFS fica num pequeno prédio de 4 andares, que é dividido com 3 outras organizações. Os dois últimos andares são os da LFS. Isso porque Berlim não é uma cidade empresarial. Pelo que ouvi, os grandes escritórios e prédios administrativos estão em Munich e Frankfurt. O prédio não tinha nem elevador. Cheguei e fiquei animado ao saber outra trainee faria o treinamento comigo, e mais animado ao saber que ela, Maria Esther, era argentina e havia recém terminado o mestrado dela em Economia de Desenvolvimento (mais uma da minha tribo). Durante os 2 dias, conversamos com alguns consultores/diretores/staff administrativo... A impressão da LFS foi muito boa. Ao mesmo tempo que tem um ar meio amador, tem a parte boa que é uma empresa que faz as coisas acontecerem. Em 5 anos de operação os caras já implementaram bancos de microcrédito (próprios) no Azerbaijao, Tajiquistao, Tanzania, Madagascar, Nigéria, Libéria, além de prestar consultoria pra implementar projetos de microcrédito em outros bancos. E se tudo der certo, Brasil 2010! Enfim, gostei do que vi pois até então a LFS era completamente abstrata. Tirando a conversa que tive com os dois alemães no Brasil, todo o resto foi por telefone. Confesso que até pensei "E se for golpe? Daquelas histórias que você chega no país e a empresa fica com seu passaporte..." Mas não, depois de pesquisas e algumas conversas, pude comprovar a existência da empresa.

No segundo e último dia, fomos até o "Instituto de Medicina Tropical". O lugar é hilário. É uma cabana montada no meio de uma loja de artigos de esportes. Fomos pegar a receita pro tratamento profiláxico da malária. A Malária é um problema sério na Africa, especialmente na região da Libéria. Me deram duas opções de tratamento. A 1a é um comprimido mais forte pra tomar uma vez por semana, que tem fortes efeitos colaterais, inclusive pesadelos e alucinações. A outra opção, um comprimido por dia que no máximo dá uns piriris no estômago. Depois de ouvir que uns consultores na Tanzania fizeram o tratamento com a 1a opção, e começaram a jurar que a casa deles estava pegando fogo, preferi ficar com a segunda.


A cabana no meio, onde são aplicadas as vacinas. O formulário é hilário, parece daqueles fast-food que você vai ticando os ingredientes que quer. A Maria Esther aproveitou e pediu uma anti-rábica. Do lado esquerdo da cabana, tem uma prateleira com os mais variados tipos de repelente. No Brasil, é permitida a venda de repelentes com concentração máxima de 30%. Os médicos na Alemanha indicaram concentracão de 50% pra Libéria.

Depois das compras de remédios de doenças tropicais, fomos encontrar as ex-trainees num bar. Foi um tanto quanto nostálgico, já que a trilha sonora do bar me lembrou muito da Neu! Foi uma das coisas que queria ter feito no meu ultimo mês SP e não consegui, ir na Neu :/ Mas foi bacana porque tivemos chance de trocar impressões e saber um pouco mais da experiência delas.


Breve apresentação (dir. p/ esq.):
Johanna, francesa de descendência africana, foi trainee na Tanzania em 2007, passou por Madagascar, e por último Nigéria, mas estava temporariamente no escritório de Berlin (nada feliz por estar na sede) porque o visto da Nigéria tinha dado pau.
Alexandra, alemã, trainee na Tanzania em 2008, e como ela é a responsável por auditoria, já visitou todos os países onde a LFS atua, então conseguiu me falar um pouco da Libéria. E foi uma das opiniões mais otimistas que ouvi "Liberia is doable..."
Maria (nova trainee) e o namorado. Ela teve mais sorte e vai para Tanzania em Novembro, e ele deve ir um mês depois.
E eu, primeiro trainee da Libéria, vulgo, cobaia da LFS.
Todos nós parte da pequena equipe de 60 consultores da LFS.

O melhor foi terminar a noite ouvindo "a parte boa de fazer o programa de formação de consultores na Libéria, é que depois de 6 meses você tem certeza que vai embora de lá..." E essa foi uma das últimas impressões algumas horas antes de partir para o país aonde moraria os 6 próximos meses.
Próximos posts: finalmente primeiras impressões de Monrovia, capital da Libéria!
PS: como ainda estamos na estação de chuvas aqui na Libéria, aproveitem (ou não) minha disponibilidade pra escrever longos posts...

Friday, October 2, 2009

Despedida

Hei pessoas!

Obrigado a todos que apareceram na despedida, escreveram e/ou mandaram boas energias!

São Paulo foi do caralho! Valeu!

Deixo aqui algumas fotos...


G5! - Luci não pode comparecer, mas mandou um recado: "Gente, sabe o que é? Ishtou na Índia fazendu um cursu de formação de Yoga e Aryuveda. Raj me liga antishdipartir..."







Seus lixos!


Banking Crowd



Non Banking Crowd



Music by Nathraj


Peripécias de Nathalle - Participação de Raj e Bruna


Pra fazer jus à gastronomia paulistana, um último jantar...